25th Hour de Spike Lee. Soberbo pastiche de Taxi Driver de Scorsese
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
Empregos
Posted by Sofia Rodrigues at 20:48 0 comments
Labels: John Kennedy Toole, livros
Nem mais!
P.S. - E já agora, não usem a palavra "Fascismo" a torto e direito, fica mal...
Posted by Zèd at 08:33 9 comments
Labels: Câmara Municipal de Lisboa, cidade sem carros, Lisboa, Propostas por Lisboa
Gato Fedorento
passou no Domingo. Para quem não viu, aqui vai.
Posted by vallera at 01:27 1 comments
terça-feira, 27 de fevereiro de 2007
DJ Peão: Belle and Sebastian
Versão acústica de "Sleep The Clock Around", tema originalmente do álbum "The Boy With the Arab Strap" (2000).
Posted by Hugo Mendes at 23:56 0 comments
A spectre is haunting Europe
Ministros das Finanças da União Europeia querem rever distribuição de riqueza
Posted by Hugo Mendes at 23:52 4 comments
Os direitos já tenho, só me faltam os deveres
Pergunto a AA: Para além do direito à propriedade, não há também deveres de quem detém a propriedade? Se casas vazias fazem subir os preços do mercado, e obrigar os outros a pagar mais pela habitação, o direito à propriedade é um direito absoluto? Se casas vazias têm consequências urbanisticas, económicas, ambientais, de saúde pública e sociológicas numa cidade a propriedade não implica também responsabilidade?
É que se os direitos de propriedade são intocáveis então cada um pode fazer o que bem entende da sua propriedade. O dono de um pinhal pode deitar-lhe fogo à vontade, o pinhal é dele, e a seguir pode plantar eucaliptos, ou construir um arranha-céus, não é?
P.S. - Obrigado Hugo, pelo link.
Posted by Zèd at 19:21 3 comments
Labels: Lisboa, programa eleitoral, propriedade, urbanismo
Propostas pedestres para os marcadores
Camaradas peões,
para mostrar que, apesar de tudo, acredito na comunicação entre as pessoas, proponho que haja um maior empenho de todos no uso dos "marcadores" (os "labels for this post" em baixo à direita quando se está a escrever), que me parece um instrumento muito útil na nossa vida de servos da bloga Não é nada que dê muito trabalho. Trata-se apenas de:
1- não esquecer de pôr um ou vários marcadores quando se escreve um post.
2- ter cuidado, quando se põem vários marcadores, de os separar por vírgulas (tipo Benfica, Vitórias europeias, Futuro campeão nacional) Se puserem espaço em branco a separar ou ponto e vírgula, o programa não separa em vários itens, lê tudo como um marcador só.
3- Verificar, na lista de marcadores à direita da página do blogue, se podemos fazer coincidir o nosso marcador com algum que já tenha sido usado (isto para não multiplicar marcadores que sejam sinónimo, como Benfica ou Glorioso. Estou a brincar: tipo Europa e União Europeia)
Abraços
Posted by andre at 17:51 0 comments
Labels: marcadores
Ha esperança
Portugal está salvo, o Quinto Império começa agora! Lidera-nos óh Fátima!
PS O Público está mesmo feio!
Posted by Macaco Zarolho at 15:30 1 comments
Labels: Portugal, quinto imperio
Mal-entendidos
Um blogue que servisse só para esclarecer mal-entendidos serviria para alguma coisa? Em que as pessoas passassem o tempo a explicar: "mas não foi bem isso que eu quis dizer" ou "mas isso que eu disse não se referia ao que tu escreveste". Provavelmente o resultado seria uma espiral de explicação de mal-entendidos sem fim. O post seguinte diria que aquilo que eu disse não era bem aquilo que eu queria dizer e o outro a seguir diria que aquilo que eu queria dizer também não era bem aquilo que eu tinha dito que queria dizer. E ia-se acrescentando, acrescentando sem parar até (nunca, ninguém) se perceber que o que eu queria dizer é a soma daquilo que eu disse + aquilo que eu queria dizer + qualquer coisa que sempre falta e que permite alimentar a comunicação.
Por outro lado, será que o pressuposto de que na comunicação há sempre mal-entendidos seria prático? Não se criaria logo um silêncio bastante embaraçoso? Se tudo é mal-entendido, para quê falar?
Pensando bem, esse blogue seria bastante cansativo. Pensando bem, é claro que esse blogue já existe. Todos os blogues passam o tempo a explicar que aquilo que queriam dizer não era bem aquilo que disseram.
Posted by andre at 09:01 4 comments
Labels: blogues, comunicação, mal-entendidos
Ai Jesus!
Posted by Zèd at 07:32 3 comments
Labels: belenenses, futebol, Jesus
Posted by vallera at 00:57 0 comments
Labels: cinema, cinema americano
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007
Peões por Lisboa - Propostas concretas (III)
- Obras coercivas. Há várias zonas em Lisboa com muitos prédios vazios, ou quase vazios, e que estão a deteriorar-se, ao mesmo tempo essas casas não estando no mercado os preços aumentam. A CML pode, e já foi feito ocasionalmente, obrigar os proprietários de imóveis em mau estado de conservação a fazer obras coercivas, isto deveria ser feito sistematicamente, em larga escala em todos os prédios com apartamentos devolutos e que estejam degradados. Seria "apenas" uma questão logística de mobilizar mais meios para este aspecto. Esta medida poderia pôr pressão em muitos dos proprietários, que para financiar as obras no imediato teriam que pôr as casas no mercado. Programas de financiamento, como o Recria que já existe há bem mais de dez anos deveriam ser marginais, para financiar aqueles que não têm realmente meio de financiar as obras de outro modo.
- Limitação de licenças. Na Baixa, particularmente, o problema da falta de residentes parece-me ligado à concorrência com os escritórios e comércio que praticam preços incomportáveis para a habitação. Para que o comércio ou escritórios ocupem um apartamento necessitam de uma licença da Câmara. A CML deveria estabelecer um limite as essas licenças - por exemplo não se dão licenças de exploração acima do primeiro andar - assim criaria imediatamente mercados distintos para a habitação e comércio. Claro que as licenças já atribuídas não podem ser retiradas (ou podem?), mas licenças novas podem não ser atribuídas quando um escritório ou uma loja abandona um local. Pelo menos gradualmente poder-se-ia ir atraindo novos residentes. Esta medida provocaria também uma dispersão por Lisboa dos escritórios e comércio, o que também não seria mau (digo eu...).
- Moratória à construção. Pelos que se tem passado recentemente em Lisboa, vê-se bem que a construção é um problema. O património imobiliário que já existe parece-me suficiente para as necessidades de Lisboa. Pelo menos por uns tempos não se devia pura e simplesmente construir em Lisboa.
Posted by Zèd at 23:18 4 comments
Labels: Câmara Municipal de Lisboa, candidatura, Lisboa, programa eleitoral
And the oscar goes to.....
Desconfio que Clint Eastwood é um grande....sobretudo quando nos faz perceber que todos somos cruéis na nossa humanidade.
Posted by Z at 20:42 0 comments
A vez do táxi
Como contraponto ao racismo ordinário dos taxistas de que se falava há uns dias aqui no peão, eu tinha duas histórias de taxistas portugueses para contar. Um, em Lisboa, onde acabava de aterrar
(esta história de ser peão não podia ser mais contrária à vida real das minhas viagens este ano, em que, num esforço de síntese, já vejo comboios a entrar em autocarros que entram em pistas de aeroporto)
e outro em Massy-TGV (estação de comboios perto do aeroporto de Orly).
Em resumo: eram dois emigrantes portugueses simpáticos; um libertou-me da antipatia de um cliente ordinário, o outro quebrou-me a monotonia do trânsito em Lisboa com uma conversa sobre como tinha emigrado clandestinamente para França em 1967 ou 68.
(Há muitas histórias de imigrantes assim, muitos são taxistas, e eu estou com esta conversa não para dizer bem dos taxistas em geral, mas para dizer bem dos emigrantes portugueses de que nunca ninguém diz bem. Cada vez mais os vejo, àqueles que vieram, à distância destes 30 ou 40 anos, como determinados, valentes, épicos, todos os adjectivos que dariam grandes portugueses. Com o seu lado ordinário, racista, às vezes, certamente.)
Estive entretanto em Itália, onde o governo caiu e entretanto se está a tentar recompor, embora, infelizmente, pareça estar condenado a prazo e com ele a esperança que levantou. Apanhei um táxi na estação de Pisa, porque havia greve de comboios e não havia esperança já de apanhar o comboio que havia de me levar ao avião da easyJet.
(Os tipos da easyJet acham que são espirituosos e mandam o pessoal de bordo dizer umas piadas. Ontem disseram que estávamos a chegar a Paris em inglês e que Paris era uma "city of love, life and glamour". O pessoal parisiense que ia no avião olhou uns para os outros com aquele ar arrogantemente adequado à situação. Não é que não haja love, life e glamour, mas o pessoal vive em Paris como toda a gente, quer dizer, anda de metro, apanha com o patrão chato e a burocracia todos os dias, não sei se estão a ver.)
Em suma: na estação de comboios de Pisa havia um táxi novo modelo. É o carro normal, guiado por um imigrante, que se transforma em táxi quando a bicha para os táxis está demasiado grande e algumas pessoas se arriscam a perder o avião.
Foi caro, não deu para grandes conversas, mas foi muito útil. Uma profissão de futuro, muito europeia dos nossos dias.
(desculpem o desordenado do discurso, mas tenho andado em trânsito e isso afecta-me de uma maneira qualquer)
Posted by andre at 20:31 2 comments
Labels: companhias low cost, emigrantes, taxistas
O sindicalismo suicida
O presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) manifestou-se hoje preocupado com a possibilidade de o Ministério das Finanças reter os salários dos funcionários públicos com dívidas ao fisco, considerando que a proposta é mais um "ataque à função pública". "É preocupante porque se está a tratar uma vez mais os funcionários públicos como um grupo à parte, um grupo alvo a atacar e a abater", disse à Lusa Bettencourt Picanço, em reacção à notícia de hoje do PÚBLICO.
Quando são os trabalhadores do sector privado com dívidas fiscais, está em causa, afirma-se - e bem -, o incumprimento das obrigações perante o Estado e a falta de civismo elementar. Quando são os funcionários públicos, então já não há nenhum problema em particular - e uma medida como esta é vista como um ataque à função pública. Começa a faltar a paciência para tanta vitimização.
Bettencourt Picanço não compreende que os funcionários públicos são, efectivamente, um grupo à parte: são os únicos cujos salários são pagos pelo Estado - mais concretamente, pelos impostos gerados pelas transacções efectuadas pelos trabalhadores do sector privado (já para não falar das melhores condições contratuais, salariais e outras que muitos funcionários públicos gozam em comparação aos do privado, mas isso fica para outra posta). Nenhum trabalhador, do sector público ou privado, tem mais legitimidade para ter dívidas fiscais; simplesmente, o Estado pode agir sobre os seus funcionários de uma forma - como se propõe agora - que não pode sobre os funcionários do privado, sobre os quais necessita de utilizar outros instrumentos de coacção.
Um bocadinho mais de humildade, respeito e solidariedade por parte dos que falam em nome do sector público não ficava nada mal.
Posted by Hugo Mendes at 16:15 16 comments
Labels: administração pública, estado, impostos, sector privado, Sindicatos
Le monde à l'envers
Posted by Hugo Mendes at 04:09 0 comments
Labels: Eleições França, Le Pen, Sarkozy
Sobre educação
Posted by Hugo Mendes at 02:29 1 comments
Labels: educação, Sciences Humaines
DJ Peão: The Divine Comedy
O tema "A Lady of a Certain Age", do álbum "Victory for the Comic Muse" (2006).
"(...) You had to marry someone very very rich
So that you might be kept in the style to which
You had all of your life been accustomed to
But that the socialists had taxed away from you (...)"
Posted by Hugo Mendes at 00:13 0 comments
Labels: DJ Peão, The Divine Comedy
domingo, 25 de fevereiro de 2007
Gore 2008
Daqui a algumas horas, Davis Guggenheim poderá subir ao palco do Kodak Theatre para receber o óscar para melhor filme documentário pelo "An Inconvenient Truth". Provavelmente, receberá uma ovação implicitamente dirigida a Al Gore. Se assim acontecer, há quem, nos próximos dias, voltará a falar no último para a corrida à Casa Branca.
Em 2002, Al e Tipper Gore publicaram uma compilação de fotografias de fotógrafos norte-americanos sobre o "espírito da família". Quando comprei o livro, comentei com a minha mulher que se Al Gore tivesse ganho as presidenciais em 2000, não teríamos tido oportunidade de ver a maior parte daquelas excelentes imagens. Em vez disso, estaríamos a assistir a uma presidência diferente. E nas prateleiras das livrarias, no lugar deste livro, não estaria, certamente, nenhum outro assinado por George e Laura Bush. E isso faz muita diferença. Uma diferença do tamanho da decência, da seriedade, e do respeito.
Posted by João Caetano at 20:50 7 comments
Labels: Eleições EUA
"Solidariedade social, sim, mas com os que são como nós"
O post da Cláudia fez-me lembrar algo sobre o qual há muito estava para escrever (no "Véu da Ignorância") mas que acabei por nunca fazer; não lhe posso dar a devida atenção agora, mas fica a ideia essencial. Ao longo dos anos, muitos estudos têm dado forte solidez empírica à conclusão de que a heterogeneidade étnica é má para a aceitação pública de políticas redistributivas. Por outras palavras, as pessoas de um dado país aceitam tanto mais um Estado social generoso quanto mais os que são o seu público-alvo preferencial se assemelham a elas. Em lógica de soundbyte: "Solidariedade social, sim, mas com os que são como nós". A conclusão não é particularmente simpática para a esquerda, mas ajuda a explicar porque é que os países nórdicos - dos mais etnicamente homogéneos do mundo - tiveram uma expansão impressionante do Estado social ao longo do século XX, enquanto que os EUA se mantiveram como welfare laggard até hoje: o eleitor médio americano sempre soube perfeitamente quem era/é o mais provável beneficiário das políticas sociais federais e/ou estatais – a população negra.
Esta questão é central hoje, quando todos pensam o que fazer com o “modelo social europeu”. As incertezas aqui não radicam apenas na sustentabilidade económica dos diferentes regimes de protecção europeus (falar de um “modelo social europeu” já é em si falacioso, porque, empiricamente falado, há vários), mas também no modo como a simultaneamente justa – em nome do cosmopolitismo (e não do “multiculturalismo”!) – e inevitável – por questões demográficas e de crescimento económico – entrada de populações não-europeias no espaço da UE vai impactar na percepção das europeus no que toca à justiça e desejabilidade de um modelo social realmente generoso. Não sei se há dados (recentes) sobre Portugal sobre esta questão em particular; era interessante saber se o que pensam as pessoas sobre a justiça e desejabilidade dos mecanismos de protecção social se altera quando o seu público-alvo começar a contar com uma presença mais clara de ucranianos, romenos ou brasileiros.
Posted by Hugo Mendes at 19:15 2 comments
Labels: desigualdades sociais, Estado social, heterogeneidade social, imigração, modelo social europeu, União Europeia
A maçã branqueada
Posted by Sofia Rodrigues at 18:26 0 comments
Labels: Alan Turing, homossexualidade, Macintosh
Não sou daqui mas gosto de aqui estar
Como colectivo, os portugueses têm ainda muito que aprender nesta matéria. Eles que durante as últimas décadas do Estado Novo foram 'bombardeados' com uma propaganda nacionalista que enaltecia o carácter integrador, universalista e ecuménico do nacionalismo português, em oposição aos 'maus' nacionalismos, fechados, etnocêntricos e xenófobos. Tudo indica que os portugueses apenas interiorizaram a norma anti-racista para efeitos de discurso autojustificativo, não a reproduziram na prática pessoal e social quotidiana.
Posted by Cláudia Castelo at 12:42 0 comments
Labels: ciências sociais, identidade, música (Amélia Muge), nacionalismo, Portugal, racismo
DJ Peão: Si Belle, Cibelle
Posted by Zèd at 10:09 2 comments
Labels: Cibelle, DJ Peão, Música Brasileira
sábado, 24 de fevereiro de 2007
Literatura para a juventude
"Manuel da Silva Ramos vai lançar novo livro no dia 28 na Galeria Zé dos Bois, ao Bairro Alto. Esta novela escrita com a mestria deste que é sem dúvida um dos melhores escritores que temos no nosso país, vem no seguimento da sua ebuliente criatividade e capacidades narrativas. Infelizmente ou não, o escritor tem passado despercebido a muita gente. Abri pois os olhos para este novo livro. «O Sol da meia-noite» seguido de «Contos para a Juventude»."
Duas dicas importantes: a Galeria ZDB - Zé dos Bois fica na R. da Barroca 59; o lançamento começa às 21h30, e será acompanhado pelo bom vinho beirão Quinta dos Termos...
Sobre a obra deste escritor fantástico vd. aqui.
Posted by Daniel Melo at 14:00 1 comments
Labels: literatura portuguesa, livros, Manuel da Silva Ramos, O sol da meia-noite
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
DJ Peão: Catpower
Uma versão do velhinho tema "Wonderwall".
Posted by Hugo Mendes at 15:11 0 comments
Já temos o nosso Offshore
Posted by Renato Carmo at 12:19 1 comments
Labels: Evatrai, Offshore do Peão
Agora: José Afonso
Posted by Renato Carmo at 10:59 0 comments
Labels: José Afonso, poesia
Um triste aniversário
As FARC mantêm prisioneiros qualquer coisa como 3000 reféns.
Posted by Zèd at 07:47 0 comments
Labels: Colômbia, FARC, Ingrid Betancourt, Política
Quem é que anda aí a abandalhar isto?
Posted by Daniel Melo at 01:49 1 comments
Labels: variedades
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
De táxi ou a pé? (II)
Posted by Sofia Rodrigues at 18:52 0 comments
DJ Peão: The Cardigans
O tema "I Need Some Fine Wine And You You Need To Be Nicer", do álbum "Super Extra Gravity" (2005).
Posted by Hugo Mendes at 18:39 0 comments
Peões por Lisboa - Propostas concretas (II)
Este debate sobe a questao dos transportes está interessante. O Zed avançou com algumas propostas concretas, uma delas razoavelmente polémica, que seria uma espécie de portagem à entrada de Lisboa para desencorajar o uso de carros. Isto já existe em Londres, e chama-se "congestion charge" (introduzida em Fevereiro de 2003, reduziu após 2 anos depois o volume de tráfego na cidade na ordem dos 30%, mas é ainda controversa junto de muitos). Eu não sei se isto funcionaria em Lisboa, que é uma cidade bem mais pequena que Londres, e com transportes públicos cuja qualidade deixam provavelmente muito a desejar - senão para os que viajam dentro da cidade, pelo menos para os que fazem todos os dias um trajecto de e para fora da cidade de Lisboa para os arredores. Suponho que a diferença de qualidade se deva em boa parte ao facto de os operadores em Londres serem privados e terem incentivos para melhorar o serviço (falo dos autocarros e comboios; o metro é ainda propriedade pública). O Estado age como regulador.
Sem querer entrar numa polémica estéril sobre a questão do "Estado vs. mercado", parece-me lógico que, qualquer que seja a solução - e elas serão sempre várias -, ela passará pela abertura de novos mercados, e pela parceria entre o sector público e privado sem que isso signifique privatização no sentido restrito da palavra. O que deve ser aqui a prioridade é a qualidade do serviço e a liberdade de escolha que ele oferece ao consumidor médio, por um lado, e ao consumidor com menos recursos, por outro. Se o mercado tomará em princípio conta do primeiro, o Estado deverá olhar pelo segundo. Isto significa que o Estado deve regular a competição e financiar certos sectores sem ter que possuir e pagar autocarros e comboios, mais os salários de gestores e restantes trabalhadores. Há quem fique muito preocupado com a entrega destas coisas ao mercado; eu gostava era que ficassem realmente preocupados com coisas destas.
Dito isto, não há panaceias para resolver este problema, e as medidas terão que ser sempre parciais e bem articuladas. Há esquemas interessantes que valeria a pena explorar. Por exemplo, vi em Lyon (que é uma cidade sensivelmente da mesma dimensão de Lisboa, com cerca de meio milhão de habitantes intra-muros, e praticamente 2 milhoes na área metropolitana) em Setembro do ano passado uma solução interessante, apesar de não ter tido ocasião para conhecer por dentro o seu funcionamento. Provavelmente é um sistema que existe em outras cidades e não prima necessariamente pela originalidade (quem conhecer esquemas semelhantes noutras cidades, diga), mas pareceu-me ser engenhoso. Era uma espécie de serviço público de aluguer de bicicletas (e digo "público" pela amplitude de pessoas que serve, não pela questão da propriedade - ao contrário do que provavelmente pensa o Renato, eu acho que nestas coisas dos serviços a regulação é crescentemente a questão central, não a propriedade - uma discussão para aprofundar noutra altura); as pessoas tinham um passe que lhes permitia levantar uma bicicleta num dado parque público, levá-la para outro ponto da cidade, e parqueá-la noutro espaço. Depois de ir à sua vida, outra pessoa podia usar a mesma bicicleta, e assim sucessivamente. Não sei exactamente como era pago o serviço; se o critério era o numero de quilómetros percorridos, se a quilometragem era irrelvante e se se pagava o passe ao mês, etc. Não sei, e se calhar até há varios critérios.
Agora, imagine-se isto para os carros. Já há, li algures, em vários países o que chamam "club-sharing cars", muitas vezes associados a novos desenvolvimentos residenciais. Estes clubes alugam carros a preços muito mais baixos do que os do costume (que são basicamente para turismo, e por isso sao caríssimos) e fornecem uma alternativa a pessoas que têm carro mas apeas o usam de vez em quando ou usam-no apenas porque o têm. Se tivessem uma alternativa interessante, podiam efectivamente dispensá-lo. As pessoas compram um "season ticket" e usam o carro quando lhes apetece. Os estudos que existem sobre isto afirmam que este tipo de soluções têm um welfare effect positivo na vida urbana, e tudo depende da sua escala. Neste formato, porém, isto ainda sao "club goods": ou seja, são serviços que sao prestados a quem paga por eles, num clube fechado. Se o Estado pegar nesta ideia e fizer como o serviço das bicicletas (mas não precisa de ser o Estado a produzir o serviço, pode adjudicá-lo a uma empresa privada se for mais eficaz - e muitas vezes é-o), poderia, aos poucos, generizar esta solução para os carros e transformar isto num "public good". Para maximizar o seu impacto, poderiam, por exemplo, ser criados incentivos a que quem levasse mais do que 1 ou 2 pessoas nos carros, acumulasse pontos que descontassem na tarifa mensal/anual. Assim teríamos menos carros na cidade e mais pessoas por carro; e no futuro, as pessoas até podiam chegar à conclusão que comprar carro é inútil, e o efeito agregado ao longo do tempo seria que talvez menos carros fosse vendidos, com uma baixa do número de carros por habitante.
Interessante, talvez digam. Agora contem estes planos à indústria automóvel e vão ver a resposta que levam.
Posted by Hugo Mendes at 15:33 6 comments
Labels: bens públicos, cidade sem carros, Propostas por Lisboa, qualidade de vida, regulação
Muralhas em Lisboa: o mercado que resolva
1. Ver o uso do automóvel somente à escala da cidade é um erro. À semelhança do que acontece com outros trajectos, como a ligação ferroviária entre as duas bandas do Tejo, o automóvel não deixa de ser usado por completo. Passa é a fazer somente parte do percurso (normalmente, da residência até à estação de comboio). Mas os carros têm de ficar em algum lado!
2. Para além da descontinuidade das linhas, verifica-se que a maior parte das estações e nódulos de intercepção entre as várias redes não têm parques de estacionamento em condições para albergar o conjunto enorme de veículos que não deveriam entrar na cidade.
3. A cidade não é só invadida durante o dia. À noite é um espaço de lazer ao qual acorrem imensas pessoas da periferia. Dado que não é economicamente viável manter a mesma oferta de transportes que existe durante o dia, como é se resolveria esta situação? Deixaria de haver portagens em horário pós-laboral? Parece-me que esta medida seria no mínimo imoral: quem quisesse ir trabalhar de carro teria de pagar, quem quisesse ir divertir-se à noite não pagaria.
4. Contudo, o argumento que mais me surpreende, para legitimar a medida, assenta no mercado. Num comentário ao post o Hugo justifica a ineficácia do serviço público “porque o mercado não se desenvolveu, dado que não há procura que o justifique; no dia em que as pessoas não tiverem a mesma facilidade para levar o carro p o interior da cidade de Lisboa, essas soluções aparecerão”. Esta afirmação não está muito longe da retórica neo-liberal cujo meio para solucionar qualquer problema passa por impor a liberalização do mercado. Aqui a ideia é outra, o mercado dará os seus frutos ao se impor uma portagem. Com a agravante de que o Estado sairia duplamente beneficiado, não teria que encontrar alternativas, pois o mercado arranjá-las-ia, ao mesmo tempo, que engordaria os bolsos ao tributar a entrada na cidade. Não estamos muito longe do modelo da cidade-estado da época medieval.
Posted by Renato Carmo at 13:52 9 comments
Labels: Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, portagens, programa eleitoral
Guantanamo visto por dentro
Se isto é o que mostram, faço ideia aquilo que escondem...
Uma reportagem de Philippe Grangereau para o Libération.
Posted by Zèd at 11:35 3 comments
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007
Ciências ocultas
Descobri, alarmada, que sofro dos olhos (cataratas, seguramente!) e do trapézio (?!?).
Posted by Sofia Rodrigues at 23:34 0 comments
Cidade do mais antigo nome
1.
Solidão poeirenta — daqui do alto
do forte só o vento mensurando
os haustos. Pode fevereiro ameaçar
arco-íris, que nem o céu acredita
em tais prodígios —
aqui o reflexo da poeira
é molde que plagia
o engano do primeiro dia.
Ou isso, ou a mudez que rifa
os segredos da infância.
O suspiro dos flashes não reclama
eco nem retorno — nasce-se para
a perdição, inda aos primeiros vagidos
seja a mão de deus a amparar-nos o sexo.
Amores?! Só os que perdeste sobre outras
areias, nas trevas onde se acotovelam
deuses ébrios. Agora a melancolia é digital
— manda-me o saldo das sete vidas
quando setembro aveludar esse trilho
por onde os aguaceiros rifam
a sorte do fotógrafo.
I.
Solidon xeiu di puera — li di altu
di forti so bentu ta midi
folgu. Febreru pode miasa
arku-da-bedja, nen si séu ka ta kridita
nes kusa ki ta intxi algen di spantu —
li raflekisu di puera
é forma di kopia
inganu di purmeru dia.
Ô kel li, ô kel kála ian ki ta poi
na rifa segredu di mininênsia.
Suspiru di flaxi ka ta raklama
éku nen ratornu — nansedu pa
perdison, inda na kel purmeru txoru
mon di diós ta sugura-nu dipadianti.
Amor ?! So kel ki riba dotu ria
bu perde, na treba undi ta kutubela
kes diós inviagadu. Gósi melankolia é dijital
— manda-m saldu di kes seti bida
ora ki setenbru poi bira sima veludu kes kaminhu
pa undi kel txubinha ta poi na rifa
sorti di futógrafu.
Posted by Daniel Melo at 23:17 0 comments
Labels: José Luís Tavares, poesia
Está visto que os italianos gostam mesmo mesmo é de brincar às eleições
Posted by Hugo Mendes at 22:04 0 comments
O legado de Blair
Posted by Hugo Mendes at 21:41 5 comments
O parasita e a evolução
Posted by Zèd at 08:10 5 comments
Labels: Blasfémias, estado, parasita, simbiose
Banda sonora para o debate sobre a política de transportes em Lisboa
"Passenger", de Iggy Pop
Posted by Hugo Mendes at 05:14 0 comments
O radioblogue do DJPeão
Versão acústica do tema "Blindfold", dos Morcheeba (álbum "Big Calm", 1999)
Posted by Hugo Mendes at 03:17 0 comments
Achegas ao adjectivar diluviano da imprensa cá da paróquia
Posted by Daniel Melo at 00:07 1 comments
Labels: ké ké isto??, media
terça-feira, 20 de fevereiro de 2007
Peões por Lisboa - Propostas concretas (I)
- Por exemplo, os comboios das linhas de Sintra, Cascais, e da Azambuja deveriam deixar de ser administradas pela CP, e ser administradas conjuntamente com o Metro (e talvez se pudesse juntar ainda a Carris). Uma gestão conjunta seria mais eficaz, e nem que seja só em termos de imagem, fazendo parte da mesma unidade os utentes usam mais facilmente as interfaces metro/comboio. Facilitaria também a construção de novas dessas interfaces no futuro. A rede de metro e comboio passaria a ser verdadeiramente, uma rede, o que incentiva os passageiros a usá-la mais frequentemente. Esta proposta ultrapassa as competências estritas da CML, teria que envolver além da CP e do Metro, o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (MOPTC), a Junta Metropolitana de Lisboa, e provavelmente outras entidades, mas deveria partir de uma iniciativa da CML.
- A linha de Cascais deveria ser ligada à linha da Azambuja em Alcântara Terra, com tantos comboios a fazer Cascais - Cais do Sodré como a fazer Cascais - Azambuja. Assim seria feita uma ligação da linha de Cascais a Entrecampos, sem precisar de usar pela passagem Alcântara-Mar Alcântara-Terra, que não é lá muito conveniente. Isto implicaria fazer alguns túneis na Av. da Índia, mas a linha férrea já existe, simplesmente está reservada para usos excepcionais. Tal como a proposta anterior isto iria envolver outras entidades, mas a iniciativa deveria ser da CML.
- Limitar a entrada de carros particulares em Lisboa. Uma possibilidade é simplesmente a criação de uma portagem em todas as entradas de Lisboa, transportes públicos estariam isentos. Talvez se pudesse limitar aos dias de semana e a determinadas horas, de qualquer modo já existem alternativas de transporte que justifiquem uma medida severa para desencorajar a entrada de carros na cidade.
Posted by Zèd at 21:44 13 comments
Labels: Câmara Municipal de Lisboa, candidatura, Lisboa, programa eleitoral
DJ Peão, versão (sóbria de) Carnaval
"All is Full of Love", da Björk
Posted by Hugo Mendes at 17:59 0 comments
Como às vezes apetece não ter que pensar
Posted by Daniel Melo at 16:37 0 comments
Labels: cartoonista Mel Calman, felicidade humana, humor
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007
Peões por Lisboa
Proponho que o Lado B seja uma espécie de âncora para as propostas estruturantes. A ideia seria formalizar um programa eleitoral constituído pelos temas e pontos que sejam considerados mais pertinentes. Vamos a isto?
Posted by Renato Carmo at 21:43 6 comments
Labels: Câmara Municipal de Lisboa, candidatura, programa eleitoral
Pelo reforço democrático da política científica europeia
Antes disso, houve todo um movimento da sociedade civil exortando por medidas e um debate neste sentido. No seguimento da publicação do relatório «EU Study on the Economic and Technical Evolution of the Scientific Publication Markets of Europe», um consórcio de organizações ligadas à área da comunicação académica patrocinaram uma petição de apoio à divulgação publicamente suportada da produção científica e às recomendações que constam neste relatório, petição essa a ser enviada à Comissão Europeia. Outras influentes organizações transnacionais europeias tomaram também posição (p.e., o European Research Council) e a petição ainda circula. Também um relevante organismo da UE (o European Research Advisory Board) já dera o seu apoio.
Posted by Daniel Melo at 20:19 2 comments
Labels: Europa, livre acesso ao saber, modelo social europeu, petição, política científica
Presidenciais francesas: Queres ser meu padrinho? (II)
Se Le Pen tem dificuldades em reunir apadrinhamentos, outros naturalmente têm ainda mais. A tal profusão de esquerdistas, de Arlette Larguiller (essa que corre para a sua sexta candidatura) a José Bové vão ter problemas para conseguir formalizar as suas candidaturas. Isto para já cria logo um problema: que leitura fazer das sondagens? (a propósito, quem quiser informações detalhadas sobre sondagens, o Le Monde tem um excelente site com resultados de vários institutos, dos últimos 4 ou 5 meses) Apesar de tudo os "pequenos candidatos" somam no seu conjunto qualquer coisa como 15% das intenções de voto, e Le Pen outros tantos. Se estes candidatos não estiverem no boletim de voto, quem vai beneficiar com isso? É uma quantidade apreciável de eleitores e pode alterar bastante o equilíbrio de forças entre os candidatos dos grandes partidos. Eu vejo duas possibilidades diametralmente opostas. No quadro mais simples beneficia o candidato do grande partido da mesma área política, Sarkozy à direita e Ségolène à esquerda. Provavelmente o PSF e a UMP estão a contar com este cenário, mas parece-me demasiado fácil, se os votos nos "pequenos" candidatos são votos de protesto dificilmente podem beneficiar os grandes partidos, em particular numa primeira volta. Se estes votos são genuinamente votos de protesto, então é possível que se transformem em abstenção, o que objectivamente beneficia o campo político contrário, a Sarkozy beneficia da abstenção à esquerda como Ségolène beneficia da abstenção à direita. À esquerda pode ainda um ou dois dos esquerdistas conseguirem apresentar-se e recolher os votos de todos quantos não o conseguiram. A escolha do esquerdista preferido torna-se muito fácil, e pode até gerar uma surpresa nos resultados. Há ainda um factor - não sendo especialista não sei se tem algum suporte empírico - mas pelo menos em teoria pode revelar-se um tiro no pé para Ségolène e/ou Sarkozy. Passo a explicar: se os "pequenos" candidatos não se apresentarem à primeira volta, e daí resultar a abstenção dos que neles pretendiam votar, o que acontece a esses votos na segunda volta? Dito de outra maneira, será que quem se absteve na primeira volta terá maior probabilidade de se abster? E será que quem optou por um voto de protesto na primeira volta opta por um voto realista na segunda? Se for este o caso, então a Sarkozy e Ségolène, interessar-lhes-ia viabilizar as "pequenas" candidaturas da sua área política para beneficiar do seu apoio à segunda volta, mas não é isso que estão a fazer.
Adenda: Le Pen admitiu hoje que ainda não ter os apdrinhamentos necessários para concorrer às eleições, e lançou um "apelo solene" (sic) aos eleitos para que o apoiem.
Posted by Zèd at 10:10 4 comments
Labels: presidenciais francesas
Mote reaccionário da semana
«Um Estado que não tem os meios da sua reforma não tem os meios da sua conservação»
Edmund Burke
Posted by Hugo Mendes at 06:38 4 comments
Arte para os peões deste tempo
cada vez gosto mais de graffitis. está lá tudo: a poesia, a beleza, o rumor do mundo, o tempo, a marca.
deixo-vos uma boleia por este mundo pela mão do art crimes (vêm lá também várias cidades e autores lusos) e do in-cubo.
Posted by Daniel Melo at 02:09 0 comments
domingo, 18 de fevereiro de 2007
De táxi ou a pé?
Estas pequenas histórias dão pano para mangas em termos de reflexão e discussão de carácter científico. Dado o adiantado da minha hora, direi apenas: como gosto de andar a pé!
(Prometo voltar aos temas do racismo e do fascismo com tempo e alguma profundidade. Desconheço qualquer estudo sobre o perfil ideológico dos taxistas, mas agradeço referências.)
Posted by Cláudia Castelo at 23:15 2 comments
The Devastations
Banda australiana que toca amanhã no Santiago Alquimista. Aqui o tema "What's the Saddest Sound a Man Can Make",
gravado no concerto dado na passada quinta-feira em Barcelona. Os fãs de Nick Cave (mas sem os Bad Seeds!) não devem perder. O vídeo de um outro tema pode ser visto aqui.
Posted by Hugo Mendes at 22:32 0 comments
Os anónimos, o capital social, e outros défices
Lembro-me que pouco tempo depois de abrir com o Pedro Alcântara da Silva o Véu da Ignorância (hoje em hibernação), há cerca de um ano, havia umas discussões interessantes na blogosfera em torno do significado dos comentários anónimos. Como a minha entrada neste mundo virtual era, à altura, recentíssima, só podia ter uma opinião teórica sobre o assunto; uma das teses que mais me ficou na retina (e guardo apenas uma memória vaga da controvérsia, é provável que houvesse outras opiniões interessantes e válidas) foi exposta pelo sociólogo e ex-ministro da Educação, David Justino, que interpretava a prática dos comentários anónimos ocos, insultuosos e sem nenhum outro objectivo que não fosse o do ataque pessoal (que obviamente, e sublinho, não esgota o universo dos comentários anónimos, dado que muitos são razoavelmente inofensivos - embora a sua acumulação possa ser particularmente annoying) como mais um indicador do défice de capital social e de capacidade de discussão de uma sociedade como a portuguesa, mergulhada tanto tempo na censura e no conformismo intelectual, onde muitos se refugiam por detrás do anonimato para simplesmente destruir ou achincalhar as opiniões de poucos - os que, para mal ou para bem, tomam posições em debates públicos, sejam eles mais ou menos sérios.
Obviamente, esta atitude também converge com a opinião de que a política é um mero affair de tachos. Ter uma opinião ou posição política só pode, obviamente, representar uma candidatura a um "tacho" - algo facilmente explicável por outra característica da sociedade portuguesa que os sociólogos gostam de destacar: a enorme distância dos indivíduos em relação ao poder político institucional, que tende a gerar ressentimento e desprezo por quem sobre ela opina ou nela investe profissionalmente (ou gostaria de investir, se houvesse espaço e/ou oportunidade para tal). Como bem saberão, esta atitude encontra-se bem distribuída pela esquerda, seja a "proletária" ou a "caviar", e é facilmente defendida como sinal de "radicalismo" e "purismo".
Escrevo isto para justificar, perante todos, a minha proposta de que, daqui para a frente, os comentários anónimos sejam proibidos neste blogue; apenas aqueles com uma conta no blogger poderiam escrever comentários às postas dos outros.
Assim, passaria a haver apenas tachos para aqueles que metessem as mãos um bocadinho mais perto do fogo. Chamam-lhe a lógica da acção colectiva.
Posted by Hugo Mendes at 21:12 16 comments
O ano do Porco
Posted by nuno at 14:04 7 comments
Hoje até as almas engordam
Posted by Renato Carmo at 09:41 0 comments
Labels: cultura popular, entrudo
O revisionismo dos Monty Phyton
A prova, fornecida pela historiografia subtil e rigorosa dos Monty Phyton, de que Hitler, Himmler e von Ribbentrop viviam, afinal de contas, em solo britânico.
Posted by Hugo Mendes at 00:08 1 comments
sábado, 17 de fevereiro de 2007
À atenção de peões, proto-peões e outras peças de tabuleiro
Posted by Hugo Mendes at 18:38 0 comments
Salvar Lisboa!
E dar o exemplo é constituir uma plataforma de entendimento em torno de um projecto concreto e de um líder forte, mas sem ambições de querer ser general de uma ala qualquer de um grande partido. Evidentemente que, no campo da esquerda, este só poderá vir da área do PS (independente ou não). Entendo que Ferro Rodrigues seja talvez o único político em condições de conseguir um entendimento entre os vários partidos de esquerda com o objectivo de construir obra na capital. Mas, independentemente dos nomes, acho que não se pode perder mais uma vez esta oportunidade. É fundamental gerar um movimento unificador entre as várias esquerdas para SALVAR LISBOA!
Posted by Renato Carmo at 15:27 9 comments
Labels: Câmara Municipal de Lisboa, eleições, esquerda
The good ol' days
Há uma eternidade blogosférica - dois anos solares, mais coisa menos coisa -, os blogues nunca partiam para fim-de-semana sem uma fotografia de uma mulher bonita.
Posted by João Caetano at 02:15 4 comments
Labels: BlogoPaleolítico
O circo Fontão chegou à cidade
Quem apanha lapas no Verão sabe bem o que isto quer dizer. Essa é que é essa. Olarilas.
Posted by Daniel Melo at 02:14 0 comments
Labels: Câmara Municipal de Lisboa, escândalo político, política municipal, Sr. Prior Ténico, tacho dos srs. enginheiros, variedades
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
Presidenciais francesas: Queres ser meu padrinho? (I)
curta: Ségolène Royal fez há uma semana uma série de promessas que ninguém sabe muito bem quem as vai pagar caso seja eleita, como vai sendo hábito Sarkozy não se quis ficar atrás.
Posted by Zèd at 23:01 2 comments
Labels: presidenciais francesas
O bacalhau está em vias de extinção
A noite de dia 24 de Dezembro foi diferente. Na mesa, um guisado de ostras, receita de família. A milhares de kilómetros de Lisboa, tinhamos aceite o convite. Afinal, este era o primeiro natal com o nosso filho. Na sala, com vista sobre o lago Monona - ainda sem estar gelado, imagine-se! -, partilham-se histórias. O anfitrião, americano do Wisconsin, foi, em tempos, membro do partido comunista. A cunhada, judia, é alérgica ao glúten e trouxe uma salada deliciosa. Nós falamos sobre o nosso filho, claro; ele é a nossa história dos últimos sete meses. Quase a nascer, está a neta do dono da casa. A futura mãe, egípcia, fala de como está preparada para dar à luz sem a ajuda de sedativos - Ui!. O marido, orgulhoso, elabora sobre a origem dos nomes na cultura ocidental e islâmica. Ele, que durante dois anos andou pela américa do norte em vagões de carga na companhia de um cão, converteu-se ao islão quando foi estudar para a American University, no Cairo. Diz-me o pai que é muito ortodoxo; mais do que a mulher, com quem se casou por arranjo. Mesmo assim, são felizes, sublinha. De regresso a casa, comentamos que tivémos muita sorte por ter passado uma noite assim.
Porque conto esta história? Porque segundo alguns leitores deste blogue, eu não teria escrito este post se, nessa noite, tivesse comido bacalhau na companhia de portugueses católicos. O que faz de mim um xenófabo, intolerante e elitista.
Posted by João Caetano at 22:00 0 comments
Labels: Para alguns a terra é plana
Heroi da semana de um DJ Peão
Posted by Macaco Zarolho at 21:09 0 comments
Labels: Ravel Musica Heroi
A minha esfera, a tua esfera
Naquele dia, a porta, por regra aberta, estava fechada. Lá dentro, a um canto, um rapaz ajoelhado com a cabeça em direcção à parede. Ao lado, uma mochila volumosa. Não parece sentir a minha presença, nem quando esboço um, dois, três "excuse me". Calo-me. Percebo que está a orar. A aula começa dentro de instantes e eu preciso de preparar o seu início. Que fazer?
- Esperar que acabe;
- Interferir, lembrando que aquela é uma sala de aulas;
- Fugir. Afinal, dizem-nos quase todos os dias, um muçulmano a rezar ao lado de uma mochila não pode ser um estudante universitário.
Acaba por sentir a minha presença e sai apressado, pedindo desculpa.
Posted by João Caetano at 04:44 7 comments
Labels: Geometrias não euclidianas
Os acordes do debate ideológico
Para já, decorrente do estado da discussão relativa à campanha, avanço com dois alicerces ideológicos alternativos, traduzida em diferentes músicas. Um mais hardcore, com uma mensagem dura, tão dura como os sons dos galeses Manic Street Preachers, com "The Masses Against the Classes". Este é um grande sounbyte; resta saber se estamos do lado das massas ou das classes.
A outra hipótese é uma via mais alternativa, numa lógica de fusão, multicultural, representada aqui pelos franco-argentinos Gotan Project, com "El Capitalismo Foraneo". Se os Manics representam a esquerda mais ortodoxa, os Gotan representam uma esquerda de "lounge", mais pós-moderna.
Mas a lista não está fechada!
Posted by Hugo Mendes at 02:02 2 comments