Não posso deixar de fazer referência a um sublime livro que li há dias, devidamente recomendado pelo meu amigo João Tordo (que está a alguns dias de apresentar publicamente o seu novo livro de ficção, Hotel Memória, o segundo depois do seu début com O Livro dos Homens Sem Luz) -, da autoria de Haruki Murakami, um dos mais talentosos escritores japoneses da sua geração. A obra chama-se “Sputnik Meu Amor”.
Levanto um pouco a página para poderem ler uma pequena amostra:
“E assim prosseguimos com as nossas vidas, cada um para o seu lado. Por mais profunda e fatal que seja a perda, por mais importante que seja aquilo que a vida nos roubou – arrebatando-o das nossas mãos -, e ainda que nos tenhamos convertido em pessoas completamente diferentes, conservando apenas a mesma fina camada exterior de pele, apesar de tudo continuamos a viver as nossas vidas, assim, em silêncio, estendendo a mão para chegar ao fio dos dias que nos coube em sorte, para logo o deixarmos irremediavelmente para trás. Repetindo, muitas vezes, de forma particularmente hábil, o trabalho de todos os dias, deixando na nossa esteira um sentimento de um incomensurável vazio”.
3 comments:
Comprei há uns anos um livro do Murakami, «Norwegian Wood», que estava a fazer um verdadeiro furor em Londres com edições que iam da mais limitada, em belíssimas caixas de madeira ao paperback mais comum.
Apesar de tudo, confesso que o livro não provocou em mim nenhuma impressão duradoura, nem me voltei a lembrar dele, até à vaga Murakami em edições portuguesas. Andava a pensar relê-lo e agora, acho que o vou mesmo fazer.
Sim, mas talvez porque as "impressões duradouras" dependam muito fortemente dos contextos. Num certo sentido, são os contextos que "fazem" os livros, e não o inverso (para mim, pelo menos).
e Kafka sentado à beira-mar, um livro Junguiano... e underground, sobre o atentado da Aum com gás sarin no metro de Tokyo, que ando agora a ler... com o Murakami, o mal é começar...
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