quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Prémios ME (méééééé!)

«I don’t care to belong to any club that will have me as a member.»
Groucho Marx
Estive hoje no sítio da internet do Ministério da Educação a ler, com horror crescente, o regulamento do Prémio Nacional de Professores. A ideia já me parecia bastante bizarra, mas ainda me convenci que podia ter o seu mérito. Depois de ler o regulamento, fiquei convicta de que é um projecto absolutamente macabro. Serão entregues prémios àqueles que, quanto a mim, apenas cumprem a sua obrigação profissional, pois todos os critérios se podem facilmente aplicar. O Ministério introduz, ainda a figura de Prémios de Mérito que tem como expoente máximo o Prémio Liderança (!?!), com certeza entregue ao profissional mais odioso de qualquer escola.
Pensar que os profissionais trabalham em função de prémios tem na sua raiz uma mentalidade infantil, ou, pior ainda, zoológica (vide as focas e as sardinhas). Além disso, considero bastante pernicioso introduzir este género de práticas, que correspondem à mais vil lógica empresarial, em estabelecimentos de ensino.
A rematar, o júri, formado por diversas «personalidades», inclui o douto Roberto Carneiro! Presumo, ainda, que cada um destes jurados irá receber algum tipo de compensação por participar em tão elevada empresa, embora melhor que qualquer «personalidade» possa almejar é ser «observador».
Resta-me esperar que os professores se recusem a serem premiados por tão pouco, mas para os interessados a informação encontra-se em

5 comments:

Sofia Rodrigues disse...

www.min-edu.pt
Desculpem, ainda não estou habituada a inserir links, e correu mal.

Hugo Mendes disse...

"Serão entregues prémios àqueles que, quanto a mim, apenas cumprem a sua obrigação profissional, pois todos os critérios se podem facilmente aplicar."

Isso é capaz de dizer mais sobre os quais o prémio se aplica - os tais que era suposto cumprirem a obrigação profissional - do que sobre os que o inventaram...;)

Anónimo disse...

pois então porque não trabalhas de borla, por simples "amor à arte"?! Não recebes o teu prémio todos os meses?
Essa tendência fácil para a generalização, metendo tudo no mesmo saco... é, no mínimo, demagógica. É preciso não esquecer que essa candidatura resulta de acto voluntário. Certamente ninguém será "coagido" a aceitar a sua designação.
Não gosta....não estraga!

Sofia Rodrigues disse...

Ó Anónimo, vejo que não percebeste o post lido. JAMAIS me passaria pela cabeça trabalhar por amor à arte, até porque considero o trabalho um castigo divino, instituído pelo próprio Deus, aquando da expulsão de Adão e Eva. Não recebo um prémio todos os meses, mas uma retribuição injusta, porque esquálida, do trabalho que desenvolvo. Mas, sim, acho infantil esta voga de termos de nos sentir muito recompensados apenas por cumprirmos as nossas funções. Acredito verdadeiramente no grupo profissional que são os professores e TODOS os dias vejo profissionais a cumprirem os critérios enunciados no prémio (quanto a mim, posso esquecer o Prémio Inovação que nem o link consegui inserir!). Considero, ainda, a lógica deste prémio semelhante à da fotografia do «empregado do mês» e, portanto, correspondente a práticas empresariais degradantes, mas se alguém num «acto voluntário» quiser ver a sua fotografia no recinto escolar, que não hesite!

Daniel Melo disse...

É a nostalgia do operário do mês da saudosa União Soviética.
Só que agora é «Nacional», é de «Mérito», é de «Liderança».
São todos muito modernos, dinâmicos e empreendedorísticos.
Os profes-empresários é o que está a dar.
Ui.