Não consigo compreender a opinião de que os partidos políticos não se deviam envolver na campanha do referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez, por esta não ser uma questão política e/ou partidária e, como tal, apenas dizer respeito aos cidadãos. A discussão do tema ficaria, assim, entregue a uma suposta consciência colectiva materializada em associações e movimentos cívicos.
Para mim, este assunto só devia ter tido uma resolução política: primeiramente como objecto de promessa eleitoral (e só não o foi por cobardia)e, depois no Parlamento. É verdade que já nada disto está em causa, e o que, nesta posição, me continua a parecer indefensável é o facto de separar os interesses dos partidos dos dos cidadãos, ou seja, sempre que a matéria fosse considerada do âmbito da cidadania, os partidos retirar-se-iam do debate. Lamentavelmente, esta separação até acontece inúmeras vezes, mas eu gostava de continuar a acreditar que o que interessa realmente aos partidos são os cidadãos, e o que os seus assuntos e interesses existem, porque primeiro existiram os dos cidadãos.
A aversão à política que em Portugal parece existir é mau sinal para o normal funcionamento da vivência democrática e devia preocupar partidos e cidadãos.
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007
Partidos e cidadãos
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1 comments:
Há uns dias atrás ouvi na rádio a campanha do PSD sobre o referendo.
Não queria acreditar: então um partido que se diz social-democrata e que se apresenta publicamente como equidistante num caso dito da consciência individual de cada um, muito plural internamente, depois vai para o éter e trás, só a desancar no Sim. Ele era o aumento brutal de abortos com a despenalização, ele era a despenalização que não era despenalização mas liberalização, sempre por aqui a acelerar.
É caso para perguntar: essa equidistância era só a fingir e para poupar uns trocos. Quando cai a postiça, vê-se a careca "social-democrata". É, é muito brilhante...
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