Durante um percurso pelas nossas estradas nacionais fui surpreendida pela exposição de algumas «causas».
À entrada de Santarém, deparei-me com um gigantesco outdoor a apelar ao voto dos escalabitanos em D. Afonso Henriques que, segundo as letras garrafais do cartaz, tinha feito muito pela cidade. Interroguei-me sobre o propósito daquele apelo: que sentido faz mobilizar uma população em torno de uma patetice de raiz televisiva e, mais grave ainda, quem teria custeado a campanha? (a Câmara? Se alguém souber que me responda, por favor).
Já à chegada ao santuário de Fátima fui recebida com enormes fotografias e citções bíblicas das causas que a Igreja parece ter adoptado: imagens de um feto e de um bebé, provando o «milagre da vida»; de um casal heterosexual perfeitamente «canónico»; de um doente terminal a agonizar serenamente... Esta abordagem demonstra uma visão redutora e moralista de algumas questões actuais que devem, antes, ser debatidas, fundamentadas e, por fim, apresentadas em toda a sua complexidade.
Todas estas causas, contra qualquer-coisa, mais não geram do que exclusão e afixá-la à laia de boas-vindas é muito questionável. Não terá a Igreja outras «bandeiras», como a solidariedade, o ecumenismo e, sobretudo, o amor incondicional por todos, para desfraldar?
P.S. - Para uma visão «iluminada» da maneira como a Igreja deve enfrentar os temas da actualidade temos as obras de Timothy Radcliffe O.P. , como Frei Bento Domingues.
1 comments:
Palpita-me que terá sido o valente Egas Moniz o colador-mor, depois de prontamente recuperado graças aos tradicionais excelentes cuidados de saúde primários do país. Olarila.
Quanto ao resto, falta-me beatitude para comentar.
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