domingo, 25 de março de 2007

Os 50 anos duma "utopia realizada"

Cartaz «Construamos a Europa juntos 1957-1997:
Tratado de Roma 40 anos de paz e cooperação» (UE, 1997, 42x29cm);
a citação é de Mário Soares (na entrevista de hoje ao P)

5 comments:

Hugo Mendes disse...

"Nesse tempo a o modelo social europeu ainda era um projecto, actualmente não passa de um monte de cacos que resitem como podem às investidas mais liberalizantes."

Epá, calma, também não é preciso exagerar :)))

Daniel Melo disse...

É irónico sem o querer ser.
A ideia era ser uma homenagem a algo que é incompleto (e o será sempre), que está aquém do que poderia ser (sobretudo pelo afastamento que criou quanto aos cidadãos), mas.
Mas que, ainda assim, e face a um contexto europeu de violência inter-nações, de destruição constante e secular, que já legara ao mundo 2 guerras mundiais, acho que aquilo que foi feito nestes últimos 50 anos com a integração europeia é um feito histórico irreversível.
É bom não esquecer que foi nestes 50 anos que se produziram e/ou consolidaram alguns dos melhores feitos europeus: a paz pela ligação política, económica e social; o Estado-Providência e o modelo social europeu (ou os modelos sociais europeus, para quem quiser); as políticas europeias; o multilateralismo e a mais aposta na negociação diplomática; a defesa do pluralismo político; a defesa da diversidade cultural e linguística; as políticas locais; etc., etc..
Tudo imperfeito e muito top to bottom, é verdade, mas ainda assim com muitas virtualidades.
Eu, da minha parte, sou um europeísta convicto, por causa da paz, do modelo social, do pluralismo, da diversidade, em suma, por causa dos pontos positivos que expus.
Se o melhor caminho será o federalismo ou o confederalismo, não sei, agora, julgo que deverá ser um desses.
Não vejo outro caminho que não seja o do aprofundamento do governo e das instituições europeias através do reforço da sua democraticidade.

Hugo Mendes disse...

"sobretudo pelo afastamento que criou quanto aos cidadãos"

Mas será que os cidadãos algum dia foram grandes fãs da UE? Ou hoje estamos mais preocupados com a legitimidade do que no passado, e por isso essa distância aparece de repente?

Daniel Melo disse...

"Mas será que os cidadãos algum dia foram grandes fãs da UE? Ou hoje estamos mais preocupados com a legitimidade do que no passado, e por isso essa distância aparece de repente?"
Também é capaz de ser verdade, mas tal não impede que a União Europeia se tenha que aproximar dos cidadãos, sob pena de comprometer o seu próprio progresso e o do mundo em geral.
Eu posso falar por mim: votei sempre, em todas as eleições em que estive no país, e as 1.ªas europeias em que votei foram uma grande alegria para mim.

Hugo Mendes disse...

"Também é capaz de ser verdade, mas tal não impede que a União Europeia se tenha que aproximar dos cidadãos, sob pena de comprometer o seu próprio progresso e o do mundo em geral."

Concordo, embora, acho, ninguém saiba muito bem o que isso pode querer na prática - ou se os remédios propostos não pioram a situação. Como vimos nos referendos holandês e francês, as pessoas podem usar os momentos democráticos para dizerem o que querem da UE, e nessa aproximação institucional momentânea - o voto no referendo - se mostrarem afinal bem longe da imagem idealizada de cidadãos europeus que queríamos que eles fossem...

Pessoalmente, acho que é o crescimento económico e social que aproximará as pessoas da UE; ou seja, este acontecerá indirectamente, e de não forma directa. (aliás, poderá bem ter sido esse crescimento constante e a consequente melhoria das condições de vida durante os "30 anos gloriosos" que calou eventuais dúvidas que as pessoas pudessem ter relativamente à Comunidade).