Hoje comemora-se o Dia do Estudante e os 45 anos da 1.ª crise académica que abalou a ditadura.
Vale a pena ler os testemunhos recolhidos por Adelino Gomes no P2. Por uma vez, não são só depoimentos dos mesmos líderes estudantis, até inclui excertos do diário de Jorge Miranda, só faltou mesmo falar com não dirigentes (e mudar o título para "Crise de 62 contada pelos que a fizeram", e não "pelos que a dirigiram"), fica para a próxima. E bastou isso para tornar a informação mais diversificada e interessante.
Vale a pena ler os testemunhos recolhidos por Adelino Gomes no P2. Por uma vez, não são só depoimentos dos mesmos líderes estudantis, até inclui excertos do diário de Jorge Miranda, só faltou mesmo falar com não dirigentes (e mudar o título para "Crise de 62 contada pelos que a fizeram", e não "pelos que a dirigiram"), fica para a próxima. E bastou isso para tornar a informação mais diversificada e interessante.
Além de se ficar a par das boas relações que havia entre os dirigentes estudantis e o reitor Marcelo Caetano, e de como isso também só reforçou a revolta estudantil e a crise no interior do regime (Sampaio, Medeiros Ferreira, Eurico Figueiredo), Margarida Lucas alerta para o facto de o contexto sócioeconómico dos estudantes de Coimbra ser mais rural e conservador do que o da capital mas que foi com esses estudantes que se fez um movimento e a revolta seguinte. De como os do Porto também vinham a Lisboa e se sentiam assim parte dum "corpo colectivo", apesar de ficarem à sua sorte na capital (Alexandre Alves Costa). Manuel Lucena chama a atenção para o papel doutros estudantes activistas que não eram dirigentes mas hoje injustamente deixados na sombra, "nomes de que não se fala", quiçá porque não são vip's e não «vendem jornais», mas a quem a revolta deve tanto como aos outros.
Também é interessante reiterar a ideia de que foi um ministro da altura, o da Educação, que deu o dito por não dito, ou então foi desautorizado superiormente e não avisou os estudantes de que afinal não poderiam celebrar o seu Dia e do que lá vinha: cargas policiais e todo o tropel seguinte de greves de fome (na 2.ª imagem), prisões, torturas, expulsões e idas para a guerra colonial ou o exílio, o que vai dar no mesmo. Para se ter uma ideia do que era aquele regime. Também é importante recordar que foi o mesmo compreensivo reitor que mais tarde seria o novo ditador, mantendo todo o aparelho repressivo e acatando os desvarios dos ultras. O título do post é uma citação de Orlando da Costa, do livro Os netos de Norton, 1994.
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