sexta-feira, 2 de março de 2007

Corram a comprar o JL!

O Jornal de Letras com data de anteontem, 28 de Fevereiro, tem um pequeno ensaio autobiográfico do historiador António Manuel Hespanha, por ocasião do 62° aniversário deste. Corram a comprar. Nele, Hespanha — que desconfia de autobiografias por achar que são sempre uma tentativa para dar sentido a algo, a nossa vida, que não tem necessariamente grande coerência — fala da influência da sua família nos caminhos da sua formação. E fala, sobretudo, de algo que tem marcado sempre o seu percurso, um caminho verdadeiramente indisciplinar entre a história e o direito.

António Hespanha é, na minha opinião, um dos dois maiores historiadores portugueses em actividade (o outro é José Mattoso). É, também, dos poucos historiadores portugueses que tem realmente uma influência, em traduções, leituras e comentários, em círculos universitários internacionais extremamente importantes (estou a pensar no Brasil, Espanha, Itália, Alemanha). Isto acontece porque a sua obra, que veicula uma visão global — e nem por isso menos apoiada numa análise detalhada e fina das fontes — da história do direito, das instituições e do poder durante o Antigo Regime (séc. XVI a XVIII-XIX), é um continente em termos intelectuais. Um continente quer dizer: a entrada na obra de Hespanha é a entrada numa maneira de pensar o passado que nos muda definitivamente o olhar sobre ele. Não sei se há muita gente, no domínio intelectual, de quem se possa dizer isto.

O mais recente trabalho de fôlego de António Hespanha é Guiando a Mão Invisível (Almedina, 2004), um estudo sobre a relação entre a ordem constitucional do liberalismo monárquico e o papel regulador do Estado. Hespanha tem também um site pessoal na web com informação sobre o seu trabalho e textos online, que encontram aqui.

(publicado originalmente no 5 dias, pela mão amiga do Ivan Nunes.)

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