Renato, para quem acha isso da sociedade do conhecimento é "retórica" e uma "ideologia oca de Estado", então ainda não percebeste a gravidade da situação. Ela é muito mais grave do que as 150 mil pessoas que ontem estiveram nas ruas pensam, e se não houver uma estratégia nacional firme vai ficar pior. Olha para este quadro com atenção e encontra Portugal. E depois olha para os nossos competidos directos num futuro próximo em termos de custos do trabalho. Procura a Eslováquia, a Rep.Checa, a Hungria, já para não falar dos outros países. Vão ser duas décadas pelo menos até chegar a um nível de escolarização comparável. Explica-me como é que queres salários altos numa economia com este perfil de qualificações.
Os sindicatos bradam contra os baixos salários? Eu também. Quem não clama? Então se querem ser levados a sério, eles que ajudem naquilo que podem, enquanto parceiros institucionais que são, que é mobilizar jovens e adultos para regressar à escola, certificarem a sua experiência e melhorarem as suas qualificações (seriam muito mais úteis do que andar a agitar bandeiras e vociferar os slogans do costume, aquilo que tu vês como prova de força e eu vejo como a prova do desespero). A alternativa a não inverter este quadro é concorrermos directamente com a China e outros países em industrialização acelerada, que fazem um sapato e montam um automóvel por uma fracção do que os nossos trabalhadores levam. Depois não se queixem dos baixos salários. Ah, e do desemprego de dois dígitos que um dia talvez seja impossível de evitar. Mas culpar o Governo por método, convicção e sistema, em vez de todos assumirem as suas culpas é muitíssimo mais fácil.
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