Escreve Fernanda Câncio "Que há um acervo (grande quantidade) de palavras que nunca são usadas e de significados que se perderam. Que o arroubo da língua e dos seus infinitos cambiantes gasta os seus últimos prosélitos,(...)".
Será? Câncio exemplifica com o vocábulo "decesso", que, argumenta, tem ainda equivalentes usados correntemente em inglês e francês, respectivamente "decease" e "décès" (não "decés"). Mas para essas palavras há outro equivalente em português igualmente usado: "falecido", que não tem equivalente directo naqueles idiomas.
Posso até concordar com a primeira frase da citação ali acima, já quanto à segunda não conheço quaisquer evidências empíricas que a corroborem (já sei, isso das evidências empíricas é boring; boring - maçador, enfadonho). Que haja palavras que deixem de ser usadas e significados que se percam é apenas normal, se aceitarmos que a língua evolui (evolução - transformação ao longo do tempo). Daí a concluir que a língua gasto os seus últimos prosélitos parce-me excessivo, vislumbro aí um hiato importante. Será possível que enquanto uma palavras desaparecem outras novas vão surgindo? Serão os neo-logismos? Bem sei que Câncio dá vários exemplos, mas não haverá igual número de contra-exemplos? Serão os exemplos escolhidos a dedo para ilustrar a sua tese? A mim todo esse catastrofismo parece-me apenas motivado por um pessimismo congénito e conservador.
Não sei se por optimismo se por cepticismo, sem as tais evidências empíricas não acredito nesta tese.
P.S. - Num mundo dividido entre entre os que sabem usar palavras difíceis e os que não sabem, bem sei que estou no segundo grupo, mas - enfim...- faz-se o que se pode.
Será? Câncio exemplifica com o vocábulo "decesso", que, argumenta, tem ainda equivalentes usados correntemente em inglês e francês, respectivamente "decease" e "décès" (não "decés"). Mas para essas palavras há outro equivalente em português igualmente usado: "falecido", que não tem equivalente directo naqueles idiomas.
Posso até concordar com a primeira frase da citação ali acima, já quanto à segunda não conheço quaisquer evidências empíricas que a corroborem (já sei, isso das evidências empíricas é boring; boring - maçador, enfadonho). Que haja palavras que deixem de ser usadas e significados que se percam é apenas normal, se aceitarmos que a língua evolui (evolução - transformação ao longo do tempo). Daí a concluir que a língua gasto os seus últimos prosélitos parce-me excessivo, vislumbro aí um hiato importante. Será possível que enquanto uma palavras desaparecem outras novas vão surgindo? Serão os neo-logismos? Bem sei que Câncio dá vários exemplos, mas não haverá igual número de contra-exemplos? Serão os exemplos escolhidos a dedo para ilustrar a sua tese? A mim todo esse catastrofismo parece-me apenas motivado por um pessimismo congénito e conservador.
Não sei se por optimismo se por cepticismo, sem as tais evidências empíricas não acredito nesta tese.
P.S. - Num mundo dividido entre entre os que sabem usar palavras difíceis e os que não sabem, bem sei que estou no segundo grupo, mas - enfim...- faz-se o que se pode.
3 comments:
Eh pá, deixa-me lá ser um bocadinho pedante: "Falecer" tem a mesma raíz latina que "fail", ou "faillir".
No latim significava "enganar", ou "desapontar". Em português, é o que acontece aos gajos que se desenganam da vida...
Santiago, por quem és, podes ser pedante à vontade, aliás acho que é esse o objectivo.
Falecer pode ter a mesma raíz latina de "Fail", ou "Faillir", mas estas palavras em português traduzem-se melhor por "Falhar" ou "Falência". "Falecer" é uma derivação que ocorre no português, mas não no inglês ou francês, o que ilustra bem o que quero dizer, é a evolução a acontecer, tal como há algumas palavras de se extinguem há outras novas que surgem.
Vá-se lá saber porquê, em português achamos "falecimento" mais giro que "decesso", mais engraçado, sei lá...
eu por acaso detesto 'falecimento'. já desfalecimento agrada-me, sei lá porquê, deve ser a minha veia romântica, tipo 'desfalecer nos braços de...' (outros exemplos me ocorrem, mas inibo-me de os trazer à colação).
ó zéd, aquilo não era catastrofismo, era só constatação de quem trabalha num jornal e fica de boca aberta com a falta de vocabulário reinante. e aquela frase dos prosélitos era uma ironia, construída com 'palavras caras'. pronto, disse.
adeus.
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